76-Bonzinhos ou omissos? E o que significa essa ordem de Jesus: “Vai e não tornes a pecar” (Jo 8:11).??

76-Bonzinhos ou omissos? E o que significa essa ordem de Jesus: “Vai e não tornes a pecar” (Jo 8:11).??

Quando o “não julgar” encobre a covardiamacacos_tres

Em muitas de nossas comunidades, não há mais espaço para a correção fraterna. O valioso preceito “não julgar” é retirado do contexto evangélico autêntico e usado como um cala-boca para qualquer um que chame a atenção de um irmão sobre um mau passo. A criatura pode estar fazendo a maior m***** que ninguém pode falar nada, pra não ofender a coitadinha; qualquer admoestação, por mais amorosa que seja, ganha a pecha de preconceito.

Assim, a misericórdia vem sendo perigosamente confundida com o RELATIVISMO, que leva à negação da possibilidade de identificar qualquer atitude – pessoal ou alheia – como objetivamente boa ou má. Muitos vivem arrotando “eu não julgo ninguém” pra tirar onda de bonzinho e tolerante; estão mais preocupados em ficar bem na fita e não se indispor com os demais do que em anunciar a verdade que receberam da Igreja.

O que Jesus faria? Corrigir sem condenar

Aqueles que não se esquivam da responsabilidade cristã da correção fraterna são frequentemente acusados de querer apedrejar os outros, tal qual o episódio em que Jesus salva a pele da mulher adúltera. Ora, e desde quando corrigir é apedrejar? Corrigir é um ato de amor, reflexo do desejo de que o irmão não perca a sua vida e nem desvie outros com seus erros; apedrejar, por sua vez, é um ato de arrogância, que visa a condenação e a morte.

Notem que os bonzinhos de plantão só se lembram da parte em Jesus que não condenou a pecadora, mas parecem ignorar que Ele disse a ela: “Vai e não tornes a pecar” (Jo 8:11). O amor não pode se furtar ao apelo para a mudança, para a conversão. Fazer vistas grossas para as atitudes que levam à escravidão do pecado e à morte não é compaixão: é cumplicidade com o erro. Diz a Bíblia:

Se eu disser ao pecador que ele deve morrer, e tu não o avisares para pô-lo de guarda contra seu proceder nefasto, ele perecerá por causa de seu pecado, mas a ti pedirei conta do seu sangue. (Ez 33:8)

Em um artigo recente, Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, reafirma esta doutrina: “Se um irmão está errado (…), mas em nome de uma falsa amizade ou do medo, se você o deixar continuar nessa lacuna, acabaremos sendo corresponsáveis pelo delito dele porque não o ajudamos com a correção fraterna”*.

Tira antes a sujeira do teu olho

Humildade, caridade e uma boa dose de autocrítica são os elementos necessários para quem se propõe a corrigir outra pessoa. Afinal, antes de olhar para os erros dos outros, temos que ter diante dos olhos as nossas próprias debilidades:

Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão. (Mt 7:3-5)

Ninguém que seja verdadeiramente humilde gosta de chamar a atenção dos outros, mas o amor ao destino do outro deve superar as nossas reticências. É o que nos ensina São Paulo:

No momento em que é aplicada, qualquer correção parece não ser motivo de alegria, mas de tristeza; porém, mais tarde, produz um fruto de paz e de justiça naqueles que foram corrigidos. (Hb 12:11)

miss_simpatia

Então se você não está concorrendo ao título de Miss ou Mister Simpatia, ore e não tema praticar a correção fraterna “com sensibilidade e com verdadeiro espírito de diálogo e de fraternidade”*.

*Trechos do artigo “Santidade, conversão, correção”, de Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro. Publicado no dia 03/09/2011, no site da Zenit. Para ler o artigo completo, clique aqui.

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E quando a correção fraterna descamba pro moralismoTratamos deste tema neste post aqui.