Você é daqueles que acha que a Igreja matou milhões na Idade Média?
Você é daqueles que acha que a Igreja matou milhões na fogueira na Idade Média? Então fique sabendo que não foi bem assim! Foram as autoridades seculares (não-religiosas) que determinaram que a heresia era uma ofensa a ser punida com morte, não a Igreja. E, na verdade, o Tribunal da Inquisição foi montado para… salvar os hereges da morte certa! “Whaaaaaat?!” Sim, é isso mesmo que você leu: a inquisição poupou muitas vidas.
Eu sei, eu sei, deve ter muita gente aí levantando a sobrancelha… Isso acontece porque não vivemos na Idade Média e, por isso, não imaginamos o contexto corretamente. Naquela época não havia Estado como conhecemos hoje, e as pessoas faziam justiça da maneira que lhes desse na telha. Como acusar pessoas de um crime, prender e linchar sem julgamento, por exemplo.
A primeira coisa é entender que naquele tempo os territórios eram divididos em feudos. Não tinha essa de o PT mandar no país todo. Aliás, o conceito de país era irrelevante, porque o que interessava mesmo era quanto se plantava, quanto se comia e quanto se conseguia negociar com os vizinhos. Ah… e qualquer coisa que desse errado era resolvido com as próprias leis do senhor do feudo. Claro, se não existia nem país, imagine código penal e polícia!
A outra coisa para entender é: foi a Igreja que reuniu os cacos da Europa após a queda do Império Romano. Assim, um ataque contra a religião era visto pela população como uma ataque contra a própria sociedade, contra a sua estrutura e valores. Por isso, uma heresia era um crime terrível, que ameaçava a ordem nos reinos.
Ok. Agora que você já entendeu essas coisas vamos aos fatos: os nobres nos feudos puniam por crime de heresia quem lhes desse na telha, promovendo linchamentos públicos. O bicho pegava porque cada um tinha lá o seu conceito de heresia. Hoje já é assim, imagine naquele tempo em que você não tinha O Catequista pra ler…
Os desmandos dos senhores feudais “justiceiros” só tiveram fim quando a Igreja reclamou para si o direito exclusivo de julgar os supostos hereges, já que os padres eram os únicos que possuíam a formação teológica necessária para fazer a devida avaliação. Então, os tribunais da Inquisição surgiram, justamente, para pôr freio à barbárie, oferecendo aos acusados de heresia um julgamento justo.
Bem diferente do que a Tia Cocota te ensinou na escola, o fato é que “A Inquisição não nasceu da vontade de esmagar a diversidade ou oprimir o povo, era mais uma tentativa de acabar com as execuções injustas”. Quem afirma isso é o professor Thomas F. Madden, professor e presidente do departamento de História da Universidade de Saint Louis (Missouri). Ele diz ainda:
“Heresia era um crime contra o Estado. O direito romano no Código de Justiniano tornou-a uma ofensa capital. Governantes, cuja autoridade se acreditava vir de Deus, não tinham paciência para os hereges. Nem as pessoas comuns, que os viam como foras-da-lei perigosos que trariam a ira divina. Quando alguém era acusado de heresia no início da Idade Média, eram trazidos ao senhor local para julgamento (…). O resultado é que milhares de pessoas em toda a Europa foram executadas por autoridades seculares, sem julgamentos justos ou uma avaliação competente da validade da acusação.
“A resposta da Igreja Católica para este problema foi a Inquisição, instituída primeiramente pelo papa Lúcio III em 1184. Ela nasceu da necessidade de fornecer julgamentos justos para os hereges acusados, usando as leis de provas, e presididos por juízes capacitados. Do ponto de vista das autoridades seculares, os hereges eram traidores de Deus e do rei e, portanto, mereciam a morte. Do ponto de vista da Igreja, no entanto, os hereges eram ovelhas perdidas que se afastaram do rebanho. Como pastores, o papa e os bispos tinham o dever de levá-los de volta ao redil, assim como o Bom Pastor lhes havia ordenado. Assim, enquanto líderes medievais seculares estavam tentando salvaguardar seus reinos, a Igreja estava tentando salvar almas. A Inquisição providenciou um meio para os hereges escaparem da morte e retornarem para a comunidade.”
Como nenhum empreendimento humano é perfeito, houve certamente maus inquisidores, que praticaram abusos e injustiças. Porém, as evidências históricas testemunham a favor da Inquisição, apresentando-a como uma instituição que “salvou milhares de incontáveis inocentes (…), pessoas que de outra forma teria sido torradas por senhores seculares” (Thomas F. Madden).
Para ler o artigo completo do professor Madden, acesse o Artigo: A inquisição, a seguir!
Inquisição – onde há fumaça há fogo? (Parte I)
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A Inquisição
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