8. A conservação do depósito da fé

8. A conservação do depósito da fé
Sabendo que existe uma Tradição apostólica incumbida pelo próprio Jesus para transmitir o depósito da fé, Tradição esta formada pela tradição (com ‘t’ minúsculo) e pelas Sagradas Escrituras, hoje será estudada a relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura.
 
A conservação do depósito da fé
 
Sabendo que existe uma Tradição apostólica incumbida pelo próprio Jesus para transmitir o chamado depósito da fé e que é formada pela tradição e pelas Sagradas Escrituras, hoje será estudada a relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura.
 
Cristo está presente na sua Igreja, que é um prolongamento do mistério da Encarnação. Ela vive e é o próprio Cristo que vive ao longo da História. É a Constituição Dei Verbum, quem continua a ensinar:
 
"Assim, a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conserva-se por uma sucessão contínua até a consumação dos tempos.
 
Por isso, os Apóstolos, transmitindo aquilo que eles próprios receberam, exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam, seja oralmente, seja por carta, e a combater pela fé uma vez para sempre a eles transmitida. Ora, o que foi transmitido pelos Apóstolos abrange tudo quanto contribui para a vida santa do Povo de Deus e para o aumento de sua fé; e assim a Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua a transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que ela crê. (DH 4209)
A transmissão da revelação é feita por meio de duas modalidades distintas:
 
Pela Sagrada Escritura: "que é a Palavra de Deus enquanto redigida sob a moção do Espírito Santo."
 
Pela Sagrada Tradição: que "transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito da verdade, eles por sua pregação fielmente a conservem, exponham e difundam. Daí resulta que a Igreja, à qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da revelação, não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência." (CIC 81 e 82)
É importante ainda deixar bem clara a distinção entre Tradição e tradição. O Catecismo auxilia nesse sentido:
 
"A Tradição da qual aqui falamos é a que vem dos apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam por meio do Espírito Santo. Com efeito, a primeira geração de cristãos ainda não dispunha de um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento atesta o processo da Tradição viva.
 
Dela é preciso distinguir as "tradições" teológicas, disciplinares, litúrgicas ou devocionais surgidas ao longo do tempo nas Igrejas locais. Constituem elas formas particulares sob as quais a grande Tradição recebe expressões adaptadas aos diversos lugares e às diversas épocas. É à luz da grande Tradição que estas podem ser mantidas, modificadas ou mesmo abandonadas, sob a guia do Magistério da Igreja." (CIC 83)
Assim, a tradição pode conter elementos que remetem e propiciam a melhor fruição da Tradição.
 
A Igreja ensina que a missão de guardar a fé não é somente dos bispos. Todo o povo, ao aderir ao depósito da fé, torna-se responsável pela sua guarda:
 
"A sagrada Tradição e a Sagrada Escritura constituem um só sagrado depósito da palavra de Deus, encomendado à Igreja; aderindo a este, todo o povo santo, unido aos seus Pastores, persevera continuamente na doutrina dos Apóstolos e na comunhão, na fração do pão e nas orações, de sorte que se verifica, da parte dos Antístites e dos fieis, uma singular convergência no conservar, praticar e professar a fé transmitida." (DH 4213)
O Magistério da Igreja não exerce o papel de polícia na guarda da Tradição. Apesar disso, é dele o atributo de interpretar autenticamente (com autoridade) a Palavra de Deus.
 
"O ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo. Tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a seu serviço, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino e com a assistência do Espírito Santo, religiosamente a ausculta, santamente a guarda e fielmente a expõe, haurindo deste único depósito da fé tudo quando propõe a fé como divinamente revelado." (DH 4214)
O Magistério é formado pelos Bispos do mundo inteiro que estão em comunhão com Pedro, o Bispo de Roma. A função de cada bispo é conservar a fé de Cristo, preservando e transmitindo o depósito da fé.