22. A Santíssima Trindade na doutrina da fé

22. A Santíssima Trindade na doutrina da fé
O coração da fé católica é o dogma da Santíssima Trindade. Diz o Catecismo que é "o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na 'hierarquia das verdades da fé'."(234)
 
 
A Santíssima Trindade na doutrina da fé
 
O coração da fé católica é o dogma da Santíssima Trindade. Diz o Catecismo que é "o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na 'hierarquia das verdades da fé'."(234) É também um dogma de difícil compreensão.
 
A palavra dogma quer dizer simplesmente 'ensinamento'. Ao longo da história essa palavra foi adquirindo um significado técnico, ou seja, um ensinamento dogmático é uma realidade que o católico é obrigado a acolher. Dentro da Igreja Católica existe um núcleo da fé que todos são obrigados a aceitar, caso contrário, não podem ser considerados católicos. O dogma da Ssma. Trindade faz parte desse núcleo.
 
O Catecismo afirma: "No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais explicitamente sua fé trinitária, tanto para aprofundar sua própria compreensão da fé como para defendê-la de erros que a estavam deformando." (250) Isso quer dizer que apesar de ter havido algumas mudanças ao longo do tempo na maneira de se apresentar a fé trinitária, substancialmente ela permaneceu a mesma.
 
A fé trinitária faz parte da fé católica desde o seu início. Entretanto, a Igreja não sabia expressar com a clareza necessária, não sabia explicar que existe um só Deus, mas que o Pai é Deus, Jesus é Deus e o Espírito Santo é um Deus. Como explicar essa realidade? Foi necessário criar um instrumental linguístico capaz de sanar a dificuldade.
 
A formulação do dogma trinitário é a maneira que a Igreja encontrou para expressar a fé que sempre teve. Isso se deu no século IV, entre os Concílios de Niceia (325) e Constantinopla (381). Estes dois concílios colocaram a fé trinitária dentro dos parâmetros dogmáticos que se tem até hoje. Deus tem uma só natureza, é um único Deus, mas são três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, estas palavras foram fixadas e assim se deu a fixação do dogma da Igreja. Falar da Trindade significa dizer que Deus tem uma só natureza e três pessoas. Quando se faz a pergunta: 'O que é?', a resposta refere-se à natureza da coisa. Porém, quando se faz a pergunta 'Quem é?', a resposta é diferente, pois refere-se à pessoa. Assim: quem é? É Deus Pai. Quem se encarnou? Deus Filho. Quem foi derramado no coração dos fieis em Pentecostes? Deus Espírito Santo. Da mesma forma: O que é o Pai? Deus. O que é o Filho? Deus. E o que é o Espírito Santo? Deus. A natureza é uma só, mas as pessoas são três. Dizer que as três pessoas possuem a mesma natureza quer dizer que são consubstanciais. A unidade delas vem da fonte que é o Pai, ou seja, quando o Pai gerou o Filho, deu tudo de si.
 
O Catecismo faz referência ao Símbolo Pseudo-atanasiano, que é uma forma bastante didática de se falar sobre a Santíssima Trindade. Ele diz:
 
"Todo o que quiser ser salvo, antes de tudo é necessário que se mantenha a fé católica. Se alguém não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida, perecerá para sempre. A fé católica é que veneremos um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, não confundindo as pessoas e nem separando as substâncias, pois uma é a pessoa do Pai, outra é a pessoa do Filho, outra a pessoa do Espírito Santo, mas uma só é a divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo igual a glória coeterna e majestade. Qual o Pai, tal o Filho e tal o Espírito Santo, incriado o Pai, incriado o Filho e incriado o Espírito Santo, incomensurável o Pai, incomensurável o Filho e incomensurável o Espírito Santo, eterno o Pai, eterno o Filho e eterno o Espírito Santo e, no entanto, não três eternos, mas um eterno, como também não três incriados e não três incomensuráveis, mas um só criado e um só incomensurável. Semelhantemente, onipotente o Pai, onipotente o Filho e onipotente o Espírito Santo e, no entanto, não três onipotentes, mas um só onipotente. Assim, Deus o Pai, Deus o Filho e Deus o Espírito Santo e, no entanto, não três deuses, mas um só Deus. Assim, Senhor o Pai, Senhor o Filho e Senhor o Espírito Santo e, no entanto, não são três senhores, mas um só Senhor, pois como somos obrigados pela fé cristã a professar cada pessoa em sua singularidade como Deus e Senhor, assim a religião católica nos proíbe falar de três deuses ou senhores. O Pai não foi feito por ninguém, nem criado nem gerado. O Filho é só pelo Pai, nem feito nem criado, mas gerado. O Espírito Santo é do Pai e do Filho, nem feito nem criado nem gerado, mas procedente, portanto, um só Pai, não três Pais, um só Filho, não três Filhos e um só Espírito Santo, não três Espíritos Santos. Nessa Trindade nada é antes ou depois, nada é maior ou menor, mas todas as três pessoas são entre si coeternas e coiguais, de modo que em tudo, como já foi dito acima, deve ser venerada a unidade da Trindade e a Trindade na unidade. Quem, pois, quiser ser salvo, pense assim a respeito da Trindade. Mas, é necessário para a salvação eterna que também creia firmemente na Encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo..." (DH 75)
Este Símbolo expressa de forma abundante a realidade da Trindade: três, mas um. A insistência e repetição pode ser utilizado de forma pedagógica para o entendimento da Trindade. Sendo certo que o mistério da Trindade é incompreensível à mente humana, mas não a capacidade de professar. Este é o caminho da fé para quem quiser ser salvo.