19. Os Símbolos da Fé

19. Os Símbolos da Fé
A Segunda Seção do Catecismo é dedicada à profissão da fé cristã, ou seja, ao estudo do Símbolo Apóstolico. O Catecismo explica a necessidade dele dizendo: "a comunhão na fé precisa de uma linguagem comum da fé, normativa para todos e que una na mesma confissão de fé." (185)
 
A Igreja sempre preferiu expor a fé utilizando 'fórmulas breves e normativas' para todos. Essas sínteses da fé são os símbolos ou profissões de fé, 'pois resumem a fé que os cristãos professam'.
 
 
Os Símbolos da Fé
 
A Segunda Seção do Catecismo é dedicada à profissão da fé cristã, ou seja, ao estudo do Símbolo Apóstolico. Na aula anterior a explicação foi apenas iniciada. O Catecismo explica a necessidade dele dizendo: "a comunhão na fé precisa de uma linguagem comum da fé, normativa para todos e que una na mesma confissão de fé." (185)
 
A Igreja sempre preferiu expor a fé utilizando 'fórmulas breves e normativas' para todos. Essas sínteses da fé são os símbolos ou profissões de fé, 'pois resumem a fé que os cristãos professam'. (187)
 
A primeira parte do livro que apoia este curso, o 'Compêndio dos símbolos, definições e declarações de fé e moral' ou simplesmente, Denziger-Hunnermann, traz justamente os símbolos da Igreja. O Símbolo Apostólico está consignado no número 30 e é dividido em 12 artigos - remetendo aos apóstolos - e, inicialmente, era feito em forma de perguntas (batismal). Eis:
 
"(1) Creio em Deus Pai onipotente, criador do céu e da terra, (2) e em Jesus Cristo, seu Filho único, nosso Senhor, (3) o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu do seio de Maria virgem, (4) padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu aos infernos, (5) ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, (06) subiu aos céus, está sentado à direita de Deus Pai onipotente; (07) de onde virá para julgar os vivos e os mortos.
 
(08) Creio no Espírito Santo, (09) a santa Igreja católica, a comunhão dos santos, (10) a remissão dos pecados, (11) a ressurreição da carne, (12) e a vida eterna." (DH 30)
Segundo o Catecismo, a utilização dessas profissões de fé ao longo do tempo, geralmente 'em resposta às necessidades das diversas épocas.' Normalmente ele é dividido em três grandes artigos e que se referem às três pessoas da Santíssima Trindade. Quando é professado em forma de perguntas, a divisão se dá justamente ao se falar das três Pessoas.
 
A mais recente profissão de fé foi elaborada no Ano da Fé publicado pelo Papa Paulo VI, em 1967-68 e foi chamado de Credo do Povo de Deus [1]. O Catecismo segue dizendo que todos os símbolos são importantes, mas que dois ocupam lugar de destaque: o símbolo dos apóstolos e o símbolo niceno-constantinopolitano. O primeiro por ser considerado o resumo fiel da fé dos apóstolos e o segundo por ter sido o resultado dos dois primeiros concílios ecumênicos realizados pela Igreja.
 
O Capítulo I dessa seção refere-se ao primeiro artigo do Credo: "Creio em Deus Pai". O seu Artigo I diz: "Creio em Deus Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra". O símbolo apostólico diz apenas 'creio em Deus', porém, o símbolo niceno-constantinopolitano diz 'creio em um só Deus'. A unicidade de Deus, o monoteísmo cristão está bastante evidente e em profunda sintonia com a profissão de fé judaica contida no Deuteronômio 6, 4-9: 'Shemá Yisrael Ado-nai Elohêinu Ado-nai Echad' (Escuta ó Israel, Ado-nai nosso Deus é Um.)
 
Dizer que Deus é único não quer dizer que Ele seja sozinho. O fato de Deus ser Trindade significa que a unidade de Deus é dinâmica e não estática. É uma unidade feita com a união. É o Deus que se une no amor. O IV Concílio de Latrão, realizado entre 11-30 de novembro de 1215 promulgou uma definição contra os albigenses e os cátaros que se inicia da seguinte forma:
 
"Cremos firmemente e confessamos sinceramente que um só é o verdadeiro Deus eterno e incomensurável, imutável, incompreensível, onipotente e inefável, Pai e Filho e Espírito Santo: três pessoas, mas uma só essência, substância ou natureza absolutamente simples." (DH 800)
Contudo, Deus não permaneceu habitando em luz inacessível, Ele enviou o seu Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo. Por meio desses envios Ele se deu a conhecer. Quando Deus falou com Abraão, não lhe deu nenhum nome, porém quando Ele constitui seu povo, a partir da libertação do Egito e da entrada do povo na terra prometida, começa a revelar-Se. Diz o Catecismo:
 
"Deus revelou-se progressivamente a seu povo com diversos nomes, mas é a revelação do nome divino feita a Moisés, na teofania da sarça ardente, pouco antes do Êxodo e da Aliança do Sinai, que se tornou a revelação fundamental para a Antiga e a Nova Aliança." (204)
O Deus inefável (infalável, impronunciável, que não cabe em palavra humana) deu-se a conhecer. "Eu sou aquele que sou", este foi o nome dado a Moisés. Importante recordar que naquela época, as pessoas criam que invocar o nome do deus significava a presença dele, então, o nome quer dizer "eu sou aquele que está convosco". Saber o nome do deus, de certa forma servia também para que os homens os controlassem. Porém, Deus diz a Moisés: 'eu sou aquele que está contigo, confie na minha presença, eu ouvi o clamor do meu povo'.
 
Assim Deus, embora escondido, mergulhado no mistério, se faz próximo aos homens. E presente ao longo da história. Sua presença real, concreta e encarnada é Jesus Cristo. Desta forma, dizer que Jesus Cristo é o Senhor é fazer a identificação entre Jesus e Adonai, Javé, o Deus do Antigo Testamento.
 
Finalizando o Parágrafo I dessa seção do Catecismo temos:
 
"A revelação do nome inefável "Eu sou aquele que sou" contém, pois, a verdade de que só Deus é. É neste sentido que já a tradução dos Setenta e, na rasteira deles, a Tradição da Igreja compreenderam o nome divino: Deus é a plenitude do Ser e de toda perfeição, sem origem e sem fim. Ao passo que todas as criaturas receberam dele todo o seu ser e o seu ter, só ele é seu próprio ser, e é por si mesmo tudo que é." (213)
 
Na próxima aula continuaremos a estudar o Deus que é um, com um nome misterioso, mas que é a própria essência do ser. Esse Deus que se encarna em Jesus Cristo e, a partir de então, passa a ter um rosto.