17. A fé é um ato humano

17. A fé é um ato humano
A fé possui algumas características próprias, conforme foi visto na aula anterior. Ela é uma graça, ou seja, é um dom de Deus. Embora seja Ele a dar o primeiro passo, a fé é um ato humano e, como tal, deve ser livre e consciente. Ao mesmo tempo, ela é um ato de inteligência, ou seja, não é algo afetivo, que envolva sentimentos ou sensações.
 
O esforço teológico nada mais é do que o desejo de entender melhor aquilo que se crê. "Fides quaerens intellectum", ou seja, a fé que procura a intelecção. Sabendo que a investigação teológica supõe a fé e, portanto, parte da certeza e não da dúvida.
 
 
A fé é um ato humano
 
A fé possui algumas características próprias, conforme foi visto na aula anterior. Ela é uma graça, ou seja, é um dom de Deus. Embora seja Ele a dar o primeiro passo, a fé é um ato humano e, como tal, deve ser livre e consciente. Ao mesmo tempo, ela é um ato de inteligência, ou seja, não é algo afetivo, que envolva sentimentos ou sensações.
 
O esforço teológico nada mais é do que o desejo de entender melhor aquilo que se crê. "Fides quaerens intellectum", ou seja, a fé que procura a intelecção. Sabendo que a investigação teológica supõe a fé e, portanto, parte da certeza e não da dúvida.
 
A fé e a ciência não se opõem. O Concílio Vaticano I, na Constituição "Dei Filius" afirmou que:
 
"Mas, ainda que a fé esteja acima da razão, jamais pode haver verdadeira desarmonia entre uma e outra, porquanto o mesmo Deus que revela os mistérios e infunde a fé, dotou o espírito humano da luz da razão, e Deus não pode negar-se a si mesmo, nem a verdade jamais contradizer a verdade. A vã aparência de tal contradição nasce, principalmente, ou de os dogmas da fé não terem sido entendidos e expostos segundo a mente da Igreja, ou de se ter em conta de proposições da razão invenções de opiniões. Por conseguinte, 'definimos como absolutamente falsa toda afirmação contrária à verdade da fé iluminada'. (...)
 
E não só não pode jamais haver dissensão entre a fé e a razão, mas elas se prestam mútua ajuda, visto que a reta razão demonstra os fundamentos da fé e, iluminada por sua luz, cultiva a ciência das coisas divinas, enquanto a fé livra e guarda a razão dos erros, enriquecendo-a de múltiplos conhecimentos." (DS 3017 e 3019)
A fé pressupõe a liberdade. Contudo, existem circunstâncias que privam o homem da liberdade quando reveladas. Deus é uma delas. Ele é de tal forma grandioso, belo e atraente que, caso se mostrasse ao homem como realmente é seria impossível não amá-lo, portanto, o homem não teria liberdade para escolher. Deus se esconde de sua criatura porque ele quer ser amado, pois o amor só existe na liberdade.
 
A fé do homem em Deus não se resume ao fato de saber se Ele existe ou não. É mais profundo que isso. Trata-se de crer em seu amor. De ter confiança nesse amor e de saber que Ele sempre quererá o melhor para seus filhos, ainda que a situação que se apresente seja nebulosa e terrível. O desejo de Deus é de que seus filhos todos alcancem a salvação e para que isso aconteça Ele pode permitir que certos fatos ocorram. A fé crer que mesmo esses fatos provém de Seu imenso amor. Assim, ter fé é aceitar o desígnio, a revelação, o mistério, a vontade de Deus com amor. É impossível agradá-lo sem abrir o coração a Ele.
 
Apesar da fé ser um dom gratuito de Deus é possível ao homem perdê-la, por isso é preciso perseverança. A vida é um constante combate contra a dúvida no amor de Deus, na necessidade de confiar Nele, conforme já dito.
 
O Catecismo diz ainda que a fé é o começo da vida eterna. Sabendo que o amor pressupõe a liberdade, Deus não revela ao homem sua face, pois isso tiraria a liberdade necessária ao amor.
 
No céu, Deus revelará ao homem sua face, mas o tempo que o homem tem para amá-lo é agora. Lá será a continuidade do que foi iniciado nesta vida. O tempo para amar a Deus é o hoje, nesta vida.
 
Jesus é o autor e realizador da fé. Ele é a origem da fé e somente por Ele é possível chegar à perfeição.