11. Confirmação: o selo do Espírito Santo

11. Confirmação: o selo do Espírito Santo

Todos aqueles que receberam o sacramento da Confirmação foram revestidos do poder de confessar a fé de Cristo publicamente.

 

O Catecismo da Igreja Católica ensina que o sacramento da Confirmação faz parte dos chamados “sacramentos da iniciação cristã”, juntamente com o Batismo e a Eucaristia. Por isso, continua, “é preciso explicar aos fiéis que a recepção desse sacramento é necessária à consumação da graça batismal”(1285).
 
Já vimos que o sacramento é conferido no momento da unção com o óleo do crisma pelas mãos do Bispo. O óleo é consagrado também por ele, em geral, na Quinta Feira Santa, na Missa dos Santos Óleos.
 
No Ocidente, a Confirmação não é dada junto com o Batismo, como ocorre no Oriente. Por isso, diz o Catecismo, que a liturgia da Crisma começa com a renovação das promessas batismais e “com a profissão de fé dos confirmandos. Assim aparece com clareza que a Confirmação se situa na sequência do Batismo. Quando um adulto é batizado, recebe imediatamente a confirmação e participa da Eucaristia”(1298).
 
Também no rito romano, o Bispo, ao impor as mãos sobre o confirmando, entoa uma oração que fala com clareza sobre os dons do Espírito Santo: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor:
 
Deus todo-poderoso, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que pela água e pelo Espírito Santo fizestes renascer estes vossos servos, libertando-os do pecado, enviai-lhes o Espírito Santo Paráclito; dai-lhes, Senhor, o espírito de sabedoria e inteligência, o espírito de conselho e fortaleza, o espírito da ciência e piedade - e enchei-os do espírito de vosso temor. Por Cristo Nosso Senhor. (1289)
O sacramento, propriamente dito, se dá “pela unção do santo crisma na fronte, feita com a imposição da mão, e por estas palavras ‘Recebe, por este sinal, o Dom o Espírito Santo’”(1330). Como o Espírito Santo já foi conferido ao crismando no Batismo, a Confirmação imprime nele um selo, um “ signaculum”, como diz a oração em latim.
 
Este sacramento produz alguns efeitos, os quais foram elencados de maneira sistemática pelo Catecismo, que aponta em primeiro lugar, “a efusão especial do Espírito Santo, como foi outorgado outrora aos apóstolos no dia de Pentecostes”(1302) e continua:
 
- enraíza-nos mais profundamente na filiação divina, que nos faz dizer “Abba, Pai”;
 
- une-nos mais solidamente a Cristo;
 
- aumenta em nós os dons do Espírito Santo;
 
- torna mais perfeita nossa vinculação com a Igreja;
 
- dá-nos uma força especial do Espírito Santo para difundir e defender a fé pela palavra e pela ação, como verdadeiras testemunhas de Cristo, para confessar com valentia o nome do Cristo e para nunca sentir vergonha em relação à cruz. (1303)
Em relação à última frase, existe na Igreja um sinônimo para a palavra vergonha: respeito humano. Trata-se de um medo mundano do que as pessoas vão pensar. É uma verdadeira desgraça para a Igreja, pois faz com que ela esteja “acuada” diante das acusações do mundo. Infelizmente, o respeito humano já tomou proporções de epidemia.
 
A Confirmação possui caráter indelével, ou seja, não pode ser retirado nem destruído. É uma marca permanente na alma de quem o recebe. Portanto, “é o sinal de que Jesus Cristo assinalou um cristão com o selo de seu Espírito, revestindo-o da força do alto para ser sua testemunha”(1304).
 
Além disso, ele dá a quem o recebe “o poder de confessar a fé de Cristo publicamente, e como que em virtude de um ofício (quasi ex officio)”(1305). Esta citação do Catecismo, extraída da Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino, confirma que este sacramento é o da missionariedade do leigo. Todos os cristãos precisam professar a fé, porém, muitas vezes ficam esperando que os padres façam esse trabalho. Não. Todos os crismados receberam este mandato da Igreja de evangelizar.
 
Por isso, para receber o sacramento da Crisma é preciso uma catequese, uma preparação. A pessoa deve estar muito consciente da fé que irá testemunhar. Assim, ensina o Catecismo:
 
A catequese da Confirmação se empenhará em despertar o senso de pertença à Igreja de Jesus Cristo, tanto à Igreja universal como à comunidade paroquial. Esta última tem uma responsabilidade peculiar na preparação dos confirmandos. (1309)
É preciso também estar em estado de graça, portanto, é importante que o confirmando aproxime-se do sacramento da Penitência. Isso fará com que se tenha grande “docilidade e disponibilidade a força e as graças do Espírito Santo”(1310), que se irá receber. Recomenda-se ainda que o padrinho ou madrinha seja escolhido dentre aqueles do Batismo, se for possível, pois isso permitiria “marcar bem a unidade dos dois sacramentos”(1311).
 
Embora um padre possa celebrar o sacramento da Confirmação, se isso acontecer sem a devida autorização do Bispo (ministro ordinário do sacramento), o sacramento não será conferido, ou seja, será nulo. No entanto, estando a pessoa em perigo de morte, qualquer padre pode crismar, sem a necessidade da autorização. “A Igreja não quer que nenhum de seus filhos, mesmo se de tenra idade, deixe este mundo sem ter-se tornado perfeito pelo Espírito Santo com o dom da plenitude de Cristo”(1314).