90 - “A Igreja somos nós”. Sim, desde que unidos à hierarquia

90 - “A Igreja somos nós”. Sim, desde que unidos à hierarquia

“A Igreja somos nós”. Sim, desde que unidos à hierarquia"

 

  • igreja_povo“Eu, sou Flamengo”, “Eu sou Vitória”, “Eu, sou Corinthians”, “Eu, sou Grêmio”, “Eu, sou Vasco”, “Eu, sou Cruzeiro”… assim dizem os torcedores dos diversos times. É correto dizer isso? Sim, são os torcedores que motivam a existência do clube. Mas um torcedor pode falar em nome no clube? (tipo: “Olha, eu sou Atlético Mineiro, e declaro que o nosso time só vai contratar jogadores nascido em Minas”). Não, claro que não! Cada torcedor é parte do clube, sim, mas não pode falar em nome dele, a não ser que integre a diretoria.
  • Da mesma forma, cada cristão pode dizer: “Eu sou Igreja”, mas essa sua identidade é condicionada à sua comunhão com a hierarquia dessa mesma Igreja. Um sujeito não pode dizer “eu sou Igreja” e em seguida, por exemplo, defender o sexo fora do casamento. Ele não tem qualquer autoridade para falar em nome da Igreja, e a partir do momento que se rebela contra a hierarquia, assume o risco de ser excomungado. Assim ensinou Jesus:
  • Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano.” (Mateus 18,15-17)
  • Nesse trecho do Evangelho, duas coisas ficam evidentes:
  • ao dizer “Igreja”, Jesus aqui se refere de modo muito específico aos CHEFES da Igreja;
  • Jesus deixa claro que quem não obedecer à Igreja – ou seja, aos chefes da Igreja – fica sujeito a ser banido da comunidade de fé.
  • O que é a Igreja? Essencialmente, a Igreja é a comunhão sobrenatural dos que creem no Cristo. Cada fiel, pecador ou santo, é membro do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Cristo é a Cabeça deste Corpo. Então, cada cristão pode dizer corretamente: “A Igreja somos nós”. O problema é tem muita gente viajando na maionese, pervertendo essa máxima para negar a existência de uma Igreja hierárquica.
  • O Evangelho se refere à Igreja com dois significados diversos e complementares:
  • Igreja “Povo de Deus” – e aí nós podemos dizer “A Igreja somos nós”;
  • Igreja instituição hierárquica – e aí já não vale mais dizer “A Igreja somos nós”, pois se refere somente ao Magistério exercido pelos chefes da Igreja, em especial, Pedro e seus Sucessores, além dos demais bispos.
  • Portanto, os meios de Salvação passam, necessariamente, pela Igreja visível, solidamente fundada em uma hierarquia. Então, é muita arrogância um cristão dizer “eu sou Igreja” como forma de negar a necessidade de seguir a Igreja institucional, (esse é o mesmo tipo que costuma dizer: “só a Bíblia basta para a minha salvação”).
  • Ora, o próprio Cristo fundou a Sua Igreja sobre Pedro, e confiou a e esse servo mortal e pecador as chaves do Céu! Com essas chaves, Pedro – e, depois, seus sucessores, os Papas – julga e declara, de modo infalível, o que é conforme a vontade de Deus e o que afronta a vontade de Deus.
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  • O EXEMPLO DE SÃO PAULO
  • Há mil e uma evidências no Novo Testamento de que a Igreja é uma instituição visível, hierárquica, e não somente a comunhão invisível do “povo de Deus”. Reconhecendo essa hierarquia, São Paulo fez uma longa viagem até Jerusalém, para se reunir com São Pedro, São Tiago e os demais anciãos da Igreja, e defender a extinção da circuncisão obrigatória (Atos 15).
  • São Paulo poderia ter se poupado esse trabalho, dizendo: “Hierarquia é uscambáu! A Igreja somos nós! Se achamos que a circuncisão foi abolida pela Nova Aliança, vamos fazer conforme cremos e ponto! Vamos mandar Pedro e os demais Apóstolos se catarem!”. Mas, bem ao contrário, ele apresentou humildemente sua causa aos chefes da Igreja.
  • Portanto, Jesus instituiu uma Igreja hierárquica, em que os membros, para serem realmente cristãos, estão obrigados a escutar e obedecer ao ensinamento das autoridades por Ele estabelecidas. O conteúdo desse ensinamento se chama SAGRADO MAGISTÉRIO.
  • O EXEMPLO DO EUNUCO ETÍOPE
  • No capítulo 8 do livro de Atos, está explícita a doutrina do Sagrado Magistério, mostrando que a Bíblia não é suficiente por si mesma, mas se esclarece somente por meio do Magistério vivo dos Apóstolos.
  • Nesse capítulo da Bíblia, vemos que São Filipe se aproxima do eunuco etíope – um alto funcionário, homem bem instruído – e percebe que ele está lendo o livro do profeta Isaías. Então pergunta:
  • – Porventura entendes o que estás lendo?
  • Humilde, o eunuco responde:
  • – Como é que posso, se não há alguém que mo explique? E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele.
  • A muitos cristãos, falta a sabedoria desse eunuco etíope. Acham-se plenamente capazes de interpretar a Bíblia sozinhos, pois julgam ter recebido o dom do Espírito Santo para isso. “A Igreja somos nós”, repetem, como papagaios. Qual seria a resposta deles ao Apóstolo Filipe? Imagino que seria algo assim:
  • – Nãum priciza ermão, a briba é suficiênti por si mesma, para a nossa edificassaum. Todo crente recebi di Sheofá u Sprítu Santo pra intrepetá as Iscritura sózinhu. Ô grória!
  • Eu, interpretar livremente a Bíblia? Prefiro imitar como o eunuco etíope, e implorar que os chefes da Igreja, exercendo o Sagrado Magistério, me expliquem aquilo que eu, por meus próprios esforços, não posso entender. Os bispos, em comunhão com o Papa, são servos e guardiões da Sagrada Tradição que os antecede, aquela Palavra viva que foi comunicada pela boca dos Apóstolos.