O medo que o ateísmo militante esconde

30/10/2013 14:51

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ao exigir o cancelamento de um debate sobre o criacionismo, os militantes ateus da Unicamp demonstraram o obscurantismo que circunda a ação desses grupos. 

  A nota da universidade parece piada. Se a academia, de fato, se preocupasse com o debate “sob todos os pontos de vista”, bastaria o convite de um ou mais professores especializados na matéria, para fazer a discussão. Evolucionistas estão por toda parte. A razão para essa atitude obscurantista vai mais longe. Ainda que, atenção!, houvesse a presença de debatedores de diferentes correntes científicas, o evento não seria permitido, pelo menos no que dependesse dos militantes neo-ateus. Essas pessoas não estão minimamente interessadas no diálogo ou no debate. Elas já fizeram uma escolha. A escolha pela intolerância, pelo radicalismo anticientífico e - vejam só! - pelo dogmatismo.

Não importa que o evolucionismo seja apenas uma teoria. Não importa se o “elo perdido” continua perdido. Importa submeter a ciência às determinações do ateísmo. E aí vale qualquer coisa. Vale, por exemplo, impedir a participação de uma pessoa considerada inimiga, simplesmente por defender ideias diferentes, como fizeram com Bento XVI, em 2008, proibindo-o de proferir um discurso na abertura do ano letivo da Universidade de Roma, “La Sapienza”. Ironicamente, a referida universidade foi fundada por outro papa: Bonifácio VIII, em 1303. Vale também enxotar um senhor de 70 anos de uma palestra, a despeito de sua contribuição para a academia, como aconteceu na Unesp, em Franca (SP), em 2012, quando da participação do príncipe dom Bertrand de Orleans e Bragança, numa discussão sobre a relação da família real brasileira na construção do país e sobre alguns novos documentos de arquivo pessoal da princesa Isabel.

Em contrapartida, contrariando todos os rótulos e acusações pueris, é a Igreja quem mais favorece o diálogo, sobretudo na pesquisa científica. Bento XVI, quando prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, sempre gostou de debates, enfrentando, de igual para igual, pessoas do calibre de Jurgem Habermas e Paolo Flores D’Arcais. Mais recentemente, o Papa Emérito surpreendeu a opinião pública, respondendo, com 11 páginas impecáveis, às indagações do ateu Piergiorgio Oddifreddi, feitas no livro “Caro Papa, escrevo-te”. O resultado foi “um diálogo entre a fé e a razão” que - segundo narra Oddifreddi - “permitiu a ambos um confronto franco (...) opostos em quase tudo, mas unidos em torno de um único objetivo: a busca da Verdade com letra maiúscula.” 02

A Igreja Católica possui um dos maiores e mais respeitados centros de pesquisa científicas do mundo. Para vergonha da militância ateísta, a Pontifícia Academia das Ciências, da Santa Sé, possui, entre os seus membros, um total de 72 prêmios Nobel, se contando aqueles que já faleceram. A página da Academia dá a lista completa 03. Diante desse currículo, só mesmo o fanatismo e a obstinação burra de alguns ativistas anticlericais para insistir na alcunha de que a fé é inimiga da razão.

Mas o que escondem os militantes ateus que não querem debater?

É preciso dizer, de antemão, que o Magistério católico “não proíbe que nas investigações e disputas entre homens doutos de ambos os campos se trate da doutrina do evolucionismo” 04, desde que essas investigações “sejam ponderadas e julgadas com a devida gravidade, moderação e comedimento, contanto que todos estejam dispostos a obedecer ao ditame da Igreja, a quem Cristo conferiu o encargo de interpretar autenticamente as Sagradas Escrituras e de defender os dogmas da fé.”05 Ora, Deus, em sua infinita grandeza, bem poderia criar o mundo em seis dias ou em um zilhão de anos, através de uma progressão lenta e contínua. A Igreja não discute isso!

Contudo, a fim de solapar os fundamentos da fé, os militantes ateus ultrapassam esses limites, dando à teoria evolucionista um caráter dogmático, alheio às suas fundações, e, sobretudo, antirreligioso, como se na origem do universo estivesse o nada. Uma tal proposta é não somente absurda, como carece de sustentação. Além disso, dentro da comunidade científica, o evolucionismo não é nenhuma unanimidade.

A teoria evolucionista que defende a existência do mundo a partir de uma série de causalidades não é um ataque à fé, é um ataque à razão. Nesta evolução, não existe o ser, não existe o Logos, a razão criadora que dá sentido a todas as coisas. Há apenas um fluxo contínuo de transformações que não se sabe como começou nem quando vai terminar. Em última análise, significa a própria negação da espécie humana e de sua mente. Não é de se espantar que o darwinismo tenha desembocado justamente nos regimes mais assassinos da história: o nazismo e o comunismo. Ambos buscavam a evolução do homem; o homem novo. 06

Brincava o escritor G.K. Chesterton, descrevendo as consequências do pensamento evolucionista: “Descartes disse: ‘Penso; logo, existo’. O filósofo evolucionista inverte e negativiza o epigrama e diz: ‘Não existo; portanto, não posso pensar’”. 07

Eles não podem pensar…

Eis aí a razão pela qual os militantes ateus da Unicamp exigiram o cancelamento do debate: eles não podem pensar. A simples hipótese de confrontar a incoerência evolucionista com o Logos criador lhes causa calafrios. Isso se chama medo. Medo de enxergar o óbvio. Medo do diálogo. Medo de partir em busca daquela Verdade com letra maiúscula, como dizia Oddifreddi a propósito de seu debate com Bento XVI. E uma ciência pautada no medo não pode produzir bons frutos. A loucura do velho Nietzsche que o diga!

 

Não, Deus não está morto!

 

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