3. O Império Romano e a expansão do Cristianismo

05/03/2014 16:12

 

O nascimento e a rápida expansão do Cristianismo só foi possível pela conjunção de alguns fatores. Dentre eles está a situação do Império Romano, tema que será abordado nesta aula. Como texto embasador sugerimos a leitura da obra "A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires", do escritor e historiador francês Daniel-Rops.

 

Trezentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo, um jovem que fora aluno de Aristóteles, chamado Alexandre Magno, possuidor de grandes sonhos militares, com pouco mais de trinta anos de idade, conseguiu conquistar um império. Morreu antes de consolidar a sua conquista que foi dividida entre os seus generais. O maior legado de Alexandre Magno foi propiciar as bases para um fenômeno que viria a ser muito importante: o helenismo.

Alexandre Magno obteve sucesso em suas conquistas porque permitiu que a cultura dos povos orientais subjugados fosse mesclada à cultura grega, numa espécie de sincretismo. O pensamento helenista tornou-se como que um caldeirão de culturas, com uma riqueza enorme, inclusive de religiões, de tal forma que havia uma abertura para a novidade religiosa e foi por essa porta que o Cristianismo pôde entrar. E foi neste contexto que os romanos tomaram o império grego e apoderaram-se de suas terras, a vitória militar dos romanos não significou o fim da cultura grega, pelo contrário, foi motivo de sua expansão. Ambas as culturas, grega e romana, mesclaram-se, surgindo o que hoje se chama de cultura greco-romana.

O poder romano teve três fases: dos reis, da república e do império. Nelas houve a elaboração e o aperfeiçoamento da cultura romana. Jesus nasceu na época do primeiro Imperador, chamado Otaviano Augusto, um gênio militar e político.

Na fase da República, o poder era exercido pelo Senado, contudo, havia uma previsão de que em momentos de grandes conflitos, somente uma pessoa governava, uma espécie de ditador. Isso dava rapidez às tomadas das decisões. O tio de Otaviano, Julio Cesar, exerceu essa prerrogativa republicana e acabou por desferir um golpe de Estado. A desonestidade política de Júlio César foi aproveitada pelo seu sobrinho e herdeiro político, o qual apropriou-se do título "César" e foi aclamado ainda com outro título "Augusto", ficando conhecido como "César Augusto".

Apesar de o Império Romano ter perseguido e causado bastante transtorno ao Cristianismo, nesse momento da história foi importantíssimo, pois o modo de César Augusto governar, ou seja, com mão de ferro, possibilitando uma certa estabilidade para todo o império, foi um pressuposto para a expansão do Cristianismo. A Europa sem a paz romana seria tão-somente um amontoado de pequenos reinos conflitantes entre si, mas, embora Otaviano Augusto fosse sim um homem muito firme, até mesmo violento, os romanos demonstravam gratidão pela paz que ele conquistou.

Atualmente, por causa da leitura marxista da história, tem-se que a religião é uma superestrutura que só existe para sustentar a infraestrutura, formada pela realidade econômica. Para Marx, tudo que provém da filosofia, religião, pensamento, arte, cultura, música etc., pertence à superestrutura, montada em cima da infraestrutura para sustentar o poder econômico de um grupo, portanto, para ele, nunca existe sinceridade num culto religioso. Trata-se sempre de um método artificial, propagandístico, com o único intuito de manter um determinado grupo no poder. No caso dos romanos, o Imperador.

Contudo, os documentos da época comprovam não somente a existência do culto ao imperador, mas também a sinceridade daqueles que o faziam, reconhecendo-o como um bem. Viam como um sinal divino a paz conquistada. O Império Romano implantou a ordem utilizando também como instrumento o Direito Romano, o qual previa um caminho processual, tal qual ocorreu na prisão de São Paulo, narrada nos Atos dos Apóstolos.

Quando o Império Romano tomou o poder, instaurou uma situação de paz, prosperidade econômica, razoável harmonia que, para os moldes de hoje, ainda seria considerada uma situação de tirania terrível, porém, para o povo da época, representou uma mudança positiva em comparação com o que o se vivia antes. Por isso, o Imperador era cultuado como sendo um mensageiro divino.

Deste modo, num primeiro momento, o nascimento do Cristianismo no Império pode ser considerado como algo bom, como uma bênção. Entretanto, em breve, isso mudará. Nas próximas aulas veremos como.

 

Fonte:padrepauloricardo.org/aulas/o-imperio-romano-e-a-expansao-do-cristianismo

 

 

—————

Voltar