O Cristão Jujuba: Não pode se Irritar! Cristão não se Irrita... viu?

04/10/2014 10:29

Porque Jesus não é o Profeta Gentileza.

 

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Jesus expulsa os vendilhões do templo. Humor sobre pintura de Tissot.

Não tem nada mais irritante do que ouvir que não temos o direito de nos irritar em hipótese alguma, pelo simples fato de sermos cristãos. Eis alguns dos itens básicos do manual de etiqueta da Madame Lili Carola: nunca levantar a voz, só proferir palavras doces e jamais demonstrar revolta em relação às atitudes alheias. Cá pra nós, isso tá mais pra ideologia “paz e amor” dehippye-maconheiro do que pra cristianismo.

Muitas pessoas, é verdade, têm um temperamento irascível, são com frequência arrogantes no trato com os demais ou vivem de mau-humor. Certamente, isso não é nada bom. Mas nem sempre a irritação é uma coisa censurável, pelo contrário: se o motivo for justo, este sentimento é expressão de virtude.

Basta olhar para o exemplo de Jesus que, em diversas passagens do Evangelho, aparece cuspindo marimbondos. Sente só o jeito meigo com o qual Ele se dirigia aos fariseus e escribas:

“Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorreis mares e terras para fazer um prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um filho do inferno duas vezes pior que vós mesmos.” (Mt 23,15)

“Sois semelhantes aos sepulcros caiados: por fora parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de podridão.” (Mt 23,27)

“Serpentes! Raça de víboras! Como escapareis ao castigo do inferno?” (Mt 23,33)

Pegou pesado, hein, Mestre…

Há também o famoso episódio da expulsão dos vendilhões do templo. Em vez de tentar convencer o pessoal a respeitar o lugar sagrado com diálogo e gentileza, Jesus simplesmente varreu todo mundo dali na base da chibatada:

“No Templo, Jesus encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas sentados. Então fez um chicote de cordas e expulsou-os a todos do Templo juntamente com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. E disse aos que vendiam pombas: ‘Tirai tudo isto daqui! Não transformeis a casa de meu Pai num mercado’”. (Jo 2,14-16)

Outra passagem muito ilustrativa é aquela em os discípulos não conseguem curar um menino que sofria de uma grave enfermidade (provavelmente epilepsia). O pai então recorre a Jesus, que se mostra frustrado com a falta de fé de seus discípulos. E os censura duramente, diante de todos:

“Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo. Este, onde quer que o apanhe, lança-o por terra e ele espuma, range os dentes e fica endurecido. Roguei a teus discípulos que o expelissem, mas não o puderam. Respondeu-lhes Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei de aturar? Trazei-mo cá!” (Mc 9,17-19)

Porque Jesus não os corrigiu de forma mais cortês? Bem, delicadeza era coisa bastante secundária diante do sofrimento de uma criança. O Senhor tinha uma preocupação muito urgente: libertar e aliviar a dor daquelas pessoas. Sua irritação traduzia o grande zelo que Ele nutria pela felicidade de cada ser humano, e assim cobrava energicamente de Seus discípulos (aqueles que dariam continuidade ao seu apostolado) a mesma postura. Além do mais, depois de tudo o que eles tinham visto e ouvido, o Mestre esperava deles uma fé mais sólida.

jesus_expulsa_os_vendilhoes_do_templo_humorPorém, não podemos ser levianos imaginando que Jesus tratava todos os pecadores na base da chicotada. Na maior parte do tempo, Ele era muito amável: sentava-se à mesa para comer com prostitutas e todo tipo de gente de má fama, frequentava a casa de publicanos e, na cruz, prometeu levar um ladrão sem escalas para o Paraíso. Assim, transformou o coração e a vida de muitos com a Sua doçura.

O Senhor parecia ter, entretanto, pouca tolerância com a hipocrisia, com o desrespeito às coisas sagradas e com a falta de fé por parte daqueles que deveriam ser os primeiros a crer (os discípulos). Por isso, em primeiro lugar, devemos detestar essas coisas em nós, e pedir que Ele nos converta a cada dia; depois, não precisamos ser frescos a ponto de nos cobrarmos serenidade e simpatia em tempo integral. Ninguém tem sangue de barata.

Como todo respeito ao Profeta Gentileza (figuraça que andou pelas ruas do Rio de Janeiro entre as décadas de 1970 e 90), gentileza gera gentileza, sim, mas às vezes um “pedala Robinho” cai muito bem.

 Post feito pelo: o catequista

 

Veja mais:

 

  1. XINGANDO COM OS SANTOS

 

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