O celibato sacerdotal é um “armário” para os desviados sexuais?

14/11/2014 11:43

 

sair_do_armario

Já faz uns anos que o colunista Reinaldo Azevedo – blogueiro da Veja – publicou um artigo dizendo que, hoje, o celibato é um malefício para a Igreja, pois atrai muitos rapazes de sexualidade “alternativa”, que usam o sacerdócio como “armário”. Segundo ele, ainda que a maioria esmagadora dos padres seja fiel aos seus votos, os escândalos provocados por uma minoria acabam ganhando muito mais visibilidade.

freddie_mercury_elton_john_casamento

Freddie Mercury e Elton John: usando o casamento como "armário"

Reconheçamos… isso acontece. Tanto é que o Papa Bento XVI publicou para uma instrução para sanar o problema, estabelecendo que somente os heterossexuais convictos devem permanecer nos seminários (saiba mais no post “A condição para ser padre é ser homem“). Porém, reparem que não é só o celibato que é usado como “armário” para os homossexuais e desviados em geral: o casamento também é. Freddie Mercury e Elton John que o digam!

Quantos homens casados não vão à zona pegar um michê ou travesti ao final do expediente? É um estranho FENÔMENO!!! E, nos noticiários, o que não falta é manchete destacando escândalos de pedofilia protagonizados por pastores evangélicos, quase sempre casados.

O Reinaldo Azevedo parte de um argumento falacioso para atacar o celibato dos padres. Ele toma uma parte (os escândalos dos que são infiéis) pelo todo (o celibato dos padres) para atacar o todo, em vez de atacar a parte. O que se deve criticar é a infidelidade ao celibato, e não o celibato. Já falamos disso no post “Celibato dos sacerdotes: ideal que nenhuma infidelidade pode invalidar“.

Se abrisse mão do celibato como condição para o sacerdócio, além de não se livrar dos males causados pelos pervertidos infiltrados no clero, a Igreja iria somar à sua lista de problemas (que já não são poucos) outros dois:

  • teria que lidar com a estranha situação dos padres divorciados, e em segundas ou terceiras uniões;
  • a oração do sacerdotes perderia muito de sua força e eficácia.

Admiro muito o trabalho do Reinado Azevedo, mas este artigo revelou uma teologia rasa e um conhecimento histórico sobre a Igreja um tanto débil também. Especialmente quando se trata de um assunto tão sério e complexo como o celibato, precisamos conhecer os fundamentos teológicos, antes de sair por aí opinando. E o fato de o celibato não ser uma questão dogmática não nos dá o direito de fazer oposição pública às orientações do Papa e da Igreja.

Não sendo um dogma, a disciplina sobre o celibato pode mudar?

Dando um show de desobediência, até mesmo alguns membros da alta hierarquia do clero declaram publicamente que o celibato sacerdotal não deveria ser obrigatório. Dizem também que se trata de uma mera lei eclesiástica, que pode ser mudada a qualquer momento pela autoridade da Igreja. Será que isso tem fundamento?

Pe. Anderson Alves, colaborador do site Presbíteros, responde muito bem a esta questão: “é bem mais possível que se mude a disciplina nas Igrejas orientais do que na Igreja Católica de rito latino, que mantém intacta a tradição recebida por Jesus Cristo e pelos Apóstolos”. Sacou, minha gente? Em relação ao celibato dos padres, quem tem que mudar é quem está em um estágio mais imperfeito. Em todos os sentidos, a Igreja Oriental é que deveria seguir o exemplo da Igreja de Roma, edificada sobre Pedro, e não o contrário!

 

Vale muito a pena ler o artigo do site Presbíteros na íntegra. É uma verdadeira aula sobre os fundamentos teológicos do celibato. Aborda a recente descoberta do pergaminho que fala da “esposa” de Jesus e trata as principais objeções ao celibato. LEIAM o artigo: “Se Jesus teve esposa, como se justifica o celibato dos padres?“.

Pra terminar, um conselho do He-Man:

conselho_he_man_celibato_lutero

 

UPDATE:

O leitor Marcos Paulo nos enviou um comentário dizendo que a matéria da Folha que apresenta declarações do Arcebispo de Teresina favoráveis ao fim do celibato dos padres é desonesta, e que as palavras de Dom Jacinto foram distorcidas. Marcos nos indicou um link onde a Arquidiocese de Teresina desmente a matéria. Clique aqui para ver.

 

 Leia tambémCelibato do Clero e Herança dos Padres: Qual é a Verdade?  O Catequista

 

—————

Voltar