Os onze primeiros capítulos do livro de Gênesis narram a origem do povo de Deus. Quando Deus escolhe Abraão e fala com ele, o faz de forma revolucionária, pois se apresenta sem um nome e sem uma imagem. Cumpre dizer que isso foi uma grande novidade, pois, para os povos antigos, ambos eram utilizados por eles, tanto para entabularem comunicação quanto para manipularem os deuses.

A formação do povo Deus

Os onze primeiros capítulos do livro de Gêneses narram a origem do povo de Deus. Quando Deus escolhe Abraão e fala com ele, o faz de forma revolucionária, pois apresenta-se sem um nome e sem uma imagem. Cumpre dizer que isso foi uma grande novidade, pois tanto o nome quando a imagem da divindade, para os povos antigos, eram utilizados para que eles não só se dirigissem aos deuses, mas também como uma forma de manipulá-los. Aquele povo havia tomado o barro com suas próprias e moldado deuses à sua imagem e semelhança. Tinham ocupado o lugar do verdadeiro Deus, tornando-se, assim, idólatras.

Então, Deus escolhe Abraão para, pedagogicamente, ensinar-lhe a diferença, fazendo-o romper com a idolatria. E apresenta-se somente por meio da Palavra. Não tem mais nada, apenas a voz. Dirige-se a Abraão dizendo: "sai da tua terra", ou seja, rompe com o passado idolátrico, com a religião que recebeu de seus pais. Todo esse deslocamento de mentalidade é conhecido como "metanoia", conversão, mudança.

"Para congregar a humanidade dispersa, Deus elegeu Abrão, chamando-o para fora de seus país, de sua parentela e sua casa, para fazer dele "Abraão", isto é, o pai de uma multidão de nações: "em ti serão abençoadas todas as nações da terra." (CIC 59)

A partir do capítulo 12, do Gênesis começa uma nova história, a do povo de Deus, quando Abraão torna-se Abraão - "pai de uma multidão de nações - portanto, desde o início do chamado de Abraão, Deus tinha no horizonte a Igreja, pois não iria ficar somente no povo de Israel, mas "na multidão de nações". A promessa de Deus se manifesta na Igreja Católica, o que permite afirmar que a Igreja é no "Novo Israel".

"Israel é o Povo sacerdotal de Deus. aquele que traz o Nome do Senhor. É o povo daquelas aos quais Deus falou em primeiro lugar, o povo dos irmãos mas velhos da fé de Abraão." (CIC 63)

Os grandes homens que formaram o povo de Israel são venerados pela Mãe Igreja:

"Os patriarcas e os profetas, bem como outras personalidades do Antigo Testamento, foram e serão sempre venerados como santos em todas as tradições litúrgicas da Igreja." (CIC 61)

A posteridade de Abraão, portanto, forma o povo eleito, com quem Deus fez aliança e livrou-os da escravidão no Egito. "Fez com ele a Aliança do Sinal e deu-lhe, por intermédio de Moisés, a sua lei, para que o reconhecesse e o servisse como o único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e juiz justo, e para que esperasse o Salvador prometido." (CIC 62) Esta escravidão do Egito é simbólica, pois recorda a grande Páscoa que Jesus irá fazer.

Existe uma unidade entre o povo de Deus atual e o povo de Deus daquela época, pois, o que se celebra hoje é o cumprimento, a realização daquilo que no Antigo Testamento era apenas uma promessa. A Igreja sabe que ela é o "Novo Israel" e é por isso que o Catecismo traz de forma bastante clara o modo como se formou o povo de Deus:

"Por meio dos profetas, Deus forma seu povo na esperança da salvação, na expectativa de uma Aliança nova e eterna destinada a todos os homens, que será impressa nos corações. Os profetas anunciam uma redenção radical do Povo de Deus, a purificação de todas as suas infidelidades, uma salvação que incluirá todas as nações. Serão sobretudo os pobres e os humildes do Senhor os portadores desta esperança. As mulheres santas como Sara, Rebeca, Raquel, Miriâm, Débora, Ana Judite e Ester mantiveram viva a esperança da salvação de Israel. Delas todas a figura mais pura é a de Maria." (CIC 64)

Na próxima aula será continuado o estudo da Constituição "Dei Verbum" que trata da maneira como Deus revelou-se ao seu povo.

 Fonte: padrepauloricardo.org/aulas/a-formacao-do-povo-de-deus