INTRODUÇÃO DO CURSO

INTRODUÇÃO DO CURSO

 

    A Moral católica não é um mero sistema de preceitos e proibições como alguns possam pensar, e nem é também um sistema que ensina o cristão a praticar certas normas, com o mínimo de incômodo, a fim de tranquilizar a sua consciência diante de Deus. Isto seria diminuir a moral e a grandeza do homem diante de Deus.

    A Moral católica tem como objetivo levar o homem à realização da sua vocação suprema, que é vocação á perfeição e à santidade. Ela tem como objetivo dirigir o comportamento do homem para o seu Fim Supremo que é Deus, que se revelou ao homem de modo especial em Jesus Cristo e sua Igreja. Nenhuma pessoa é chamada a viver uma vida medíocre, mas repleta de espiritualidade e amor a Deus e aos irmãos.

    A Moral vai além da Ética filosófica; esta deseja contribuir para o bem humano mas apenas com as luzes da razão, do bom senso e do raciocínio sem levar em conta o plano de Deus para a salvação da humanidade. A Ética é válida, mas não atinge o mais profundo do mistério do homem. (D. Estêvão Bettencourt)

    A Moral também vai além do Direito que se baseia em leis humanas; mas nem sempre perscruta a consiência. Pode acontecer de alguém estar agindo de acordo com o Direito, mas não de acordo com a consiência.

    Há uma diferença entre a Moral cristã e a Moral pagã, de modo especial a do catolicismo. A Moral pagã defende a autoafirmação da pessoa humana apenas com base na vivência dos valores humanos naturais; a Moral cristã leva em conta que o pecado enfraqueceu a natureza humana e que ela precisa da graça de Deus para se libertar de suas tendências desregradas e viver de acordo com a vontade de Deus.

    Portanto, a Moral cristã e a Religião estão intimamente ligadas, tendo como referência Deus Pai, Filho e Espírito Santo.

    Ser cristão é muito mais do que acreditar e professar a doutrina cristã; mais do que tudo é viver em comunhão com Cristo, vivendo Nele, por Ele e para Ele. É de dentro do coração do cristão que nasce a vontade a “Lei de Cristo”, a Moral cristã, e isto é obra do Espírito Santo.

    A nova e definitiva Aliança, segundo o profeta Jeremias, devia ser pautada na força de Deus que conduz o homem: “Eu porei minha lei no seu seio e a escreverei em seu coração. Então eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.” (Jer 31,33)

    “Dar-vos-ei um coração novo, porei no vosso íntimo um espírito novo, tirarei do vosso peito o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei no vosso íntimo o meu espírito e farei com que andeis de acordo com os meus estatutos e guardeis as minhas normas e as pratiqueis.” (Ez 36,26s)

    O comportamento do cristão é uma resposta ao amor de Deus. Dizia São da Cruz que “amor só se paga com amor”.

    “Deus é amor” (1Jo 4, 16) e Ele “nos amou primeiro” (1Jo 4, 19).

    Ninguém deve viver a Lei de Cristo, por medo, mas por amor ao Senhor que desceu do céu, e imolou-se por cada um de nós. Nosso amor a Deus não deve ser o amor do escravo que lhe obedece por medo do castigo, e nem do mercenário que o obedece por amor ao dinheiro, mas sim o amor do filho que obedece o pai simplesmente porque é amado pelo pai.

    São Paulo dizia: “O amor de Cristo me constrange” (2Cor 5,14).

    Ninguém será verdadeiramente espiritual enquanto não viver a lei de Deus simplesmente por amor a Deus e não por medo de castigos.

    Por outro lado, devemos viver a lei de Deus porque ela é, de fato, o caminho para a nossa verdadeira felicidade. Ele nos ama e é Deus; não erra e não pode nos enganar; logo, sua Lei, é o melhor para nós.

    Quem não obedece o catálogo do projetista de uma máquina, acaba estragando a mesma; assim, quem não obedece a Lei de Deus, acaba destruindo a sua maior obra que é a pessoa humana.

    A Lei de Cristo se resume em “amar a Deus e amar ao próximo como a si mesmo” (cf. Mt 22,37-40). Mas esse amor ao próximo não é apenas por uma questão de simpatia ou afinidade com ele, mas pelo exemplo de Cristo, que “nos amou quando ainda éramos pecadores”, como disse São Paulo. Por isso, o cristão odeia o pecado mas sempre ama o pecador. Não se pode menosprezar a verdade; isto seria um desserviço a si mesmo e ao outro. A Igreja ensina que não se deve impor a verdade sem caridade, mas também não se deve sacrificar a verdade em nome da caridade.

 

 

 


Tópico: A Moral Católica

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